Venda online de obras de arte cresceu 15% no último ano

Ecommercebrasil.com.br (30-05-2018)

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Decorar uma casa, um escritório, dar de presente um quadro ou até vendê-lo caso seja o autor, tudo pode ser feito através de uma plataforma digital. Já são milhões de internautas que confiam na tela de seu dispositivo eletrônico para adquirir uma peça, mesmo sem ter visto previamente ou depois de ter passado por uma galeria ou uma feira para vê-la ao vivo.

Muitos pensam que há certa resistência à sua aquisição já que as obras de arte são muito sensíveis, geralmente caras e totalmente vulneráveis à falsificação. No entanto, os dados confirmam o oposto, a tendência a adquirir arte por meio do e-commerce, é um fenômeno que não para.

Em 2016, as vendas de arte online atingiu 4,9 bilhões de dólares (9% do mercado global) segundo o informativo ‘The Art Market 2017’, elaborado pela consultora do mercado de arte, Clare McAndrew. Já as estatísticas da seguradora inglesa Hiscox apontam que o mercado de arte online cresceu 15% no último ano.

Plataformas como a Amazon, Maecenas, Artspace, e comunidades de artistas na internet são lugares para comprar tanto arte muito baratas, obras de artistas emergentes a um valor razoável quanto para adquirir obras de talentos mundiais como Andy Warhol ou Lucien Freud.

Se buscarmos obras com um preço inferior a 250 dólares na Amazon Art, obteremos mais de 20 mil resultados. Quando o gigante da Internet americano lançou esta iniciativa em 2013, a plataforma contava com um catálogo de 40.000 obras de 4.500 artistas, graças a sua associação com mais de 150 galerias e distribuidoras de obras de arte nos Estados Unidos.

Gustavo Perino, licenciado em peritagem de obras de arte e cofundador da Givoa, uma consultora dedicada à valoração e taxação de arte comenta o por quê do crescimento deste fenômeno: “A internet é uma grande ferramenta de democratização do acesso à informação, e se a arte deve ser apreciada com todos os sentidos, o acesso digital que hoje existe a grandes obras sem viajar permite a milhões de pessoas no mundo conhecerem de perto, por exemplo, a Mona Lisa sem viajar ao Louvre em Paris”.

No entanto, Perino adverte sobre “o risco de confundir que este acesso possa substituir à experiência de estar frente a uma obra de arte. Por mais óbvio que seja, devo dizer que são duas experiências totalmente diferentes”.

Por sua vez, Javier Goilenberg, diretor executivo da Real Trends, plataforma de ferramentas de análise e gestão para vendedores do Mercado Livre, analisa que “o acesso à arte mediante à compra digital é fantástico porque permite a pessoas que vivem longe das metrópoles acessar, comprar e logo receber as obras de arte em suas casas; algo que até pouco tempo estava limitado a grandes cidade”. Por outro lado, além de ser um grande benefício para o público, “é uma grande chance de acesso direto ao usuário, sem as enormes intermediações de figuras comerciais que havia no passado”.

Neste sentido, Perino comenta que “é interessante o que acontece com o fenômeno do e-commerce, já que obriga as figuras clássicas do comércio de arte como os representantes, galeristas ou marchands, a adaptar-se a estes novos tempos. Não resta outra opção além de se reinventar frente as mudanças tecnológicas”.

Um risco sempre latente

Como assinalamos no início, a compra de obras de arte por qualquer meio, seja online ou off-line, sempre implica um risco. Há a possibilidade de estarmos diante de uma falsificação, ou venda de arte ilegal – o famoso mercado negro -, uso da arte para lavagem de dinheiro ou peças mal atribuídas -pinturas ou esculturas que dizem ser de um autor, mas na realidade foram criações de outro-.

Neste sentido, Perino adverte que “devemos saber que não há grandes diferenças nos cuidados que devemos ter ao comprar arte através das vias tradicionais ou no mercado digital. É comum solicitar ao vendedor uma possibilidade de análise prévia de um especialista antes de efetuar o pagamento. Se a obra for original e não tiver nada a esconder deverá ser algo simples de acordar entre as partes”.

Da parte dos marketplaces, Goilenberg salienta que, “o que não permite o virtual é um acesso físico prévio à obra e por isso o prestígio do vendedor ou da plataforma são a chave na tomada de decisões. Comumente o que acontece é que no mercado online aparecem `mega oportunidades´ que são uma fraude, obras de grandes mestres a preços irrisórios e que apresentam uma documentação apócrifa. É muito importante o assessoramento prévio à compra e verificar a identidade do vendedor”.

Blockchain, seu cartório amigo

Como a tecnologia sempre está um passo à frente de tudo, nesta praça da “Roma Antiga” modelo Século XXI, surgiu um novo ator: o Blockchain. Se trata de uma base de dados compartilhada e descentralizada, nascida em 2009 com o sucesso do Bitcoin, que ganhou o mundo por si só e hoje está penetrando profundamente em todos os setores da economia global. Também chamada de “corrente de blocos” funciona como um livro para o registro de operações de compra e venda ou qualquer outra transação comercial-financeira-administrativa.

É nada menos que uma grande base de dados, pública, remota, inviolável, na qual se podem registrar arquivos digitais de todo o tipo. Cada elemento guardado ali é datado e da origem a uma espécie de assinatura ou “hash”, formada por uma sequência de letras e números.

“O rol do Blockchain é fundamental nesta nova era do comércio digital. A plataforma garante a identidade de origem da peça e do comprador registrando ambos, fazendo com que a transação econômica seja totalmente segura. Nós da Givoa, há anos vimos trabalhando na identificação de todas as nossas perícias com códigos digitais enviados ao Blockchain, o que permite o resguardo e a imutabilidade dos documentos que emitimos”, conclui Perino.

Não estaremos em uma praça de Florença na Itália no século XV, mas a paixão pela arte através de todos esses empreendimentos digitais e as possibilidades infinitas que o universo virtual oferece com grandes galerias online, fazem com que qualquer pessoa possa ter uma obra de arte na sala de sua casa.