16 nov Salvator Mundi – Marketing e Status-Quo
Peritagem? Nova pós-graduação regulamentada pelo MEC
Uma obra de arte atribuída a Leonardo da Vinci vendida por U$D 450 milhões. (R$ 1,485 bilhão)
Mais uma vez, a maravilhosa máquina de marketing consegue atrair a atenção dos meios de comunicação, compradores “anônimos”, pericias superficiais e negócios milionários.
O leiloeiro da Christie’s, Jussi Pylkkanen justificou a “indubitável” proveniência do trabalho afirmando que a obra estava “anteriormente nas coleções de três reis da Inglaterra” … Indubitável proveniência?
O autor Philip Hook, especialista internacional em arte impressionista e moderna da Sotheby’s, deu sua própria opinião sobre a questão da autenticidade do trabalho. Ele disse que é geralmente aceito que, em algum lugar do trabalho, existe “uma grande parte da pintura que é de autoria de Leonardo, mas, ao longo do tempo, teve que ser restaurada, e agora uma porção considerável da obra está repintada por restauradores posteriores, e por isso não está em um estado absolutamente prístino, embora existam elementos suficientes para que obra seja “vendida como Leonardo “.
O trabalho supostamente foi avalizado por um especialista chamado Walter Isaacson, porém a questão é … A opinião de uma única pessoa é suficiente para uma pesquisa tão “importante?”, não deveria ser criado um comitê interdisciplinar para evitar especulações? Ou podemos pensar que já que a peça foi vendida não é relevante o tema da autoria?
Existem preocupações legítimas sobre a pintura. Em uma entrevista na ArtNews, a prestigiosa especialista em restauração Jennifer L. Mass Ph.D, presidente da Scientific Analysis of Fine Art, LLC, falou sobre as questões relacionadas com a condição de Salvator Mundi. (Ela não analisou a obra em questão, e simplesmente explanou sobre questões gerais de conservação e restauro). “Em geral, quando você examina por uma coleção, aproximadamente 80 por cento do que você vê é o trabalho dos artistas e 20 por cento é da mão dos restauradores e conservadores que trabalharam nas pinturas ao longo dos anos”. “Não é incomum que as pinturas tenham certo grau de tinta que não pertença ao trabalho original e que é simplesmente algo que você esperaria de uma obra de arte de várias centenas de anos”.
Em seu ensaio publicado esta semana na Nova York Magazine, questionando a autenticidade do trabalho, o crítico de arte Jerry Saltz cita um “especialista bem conhecido da área” o qual manteve no anonimato, e que ironizou a razão pela qual essa pintura Renascentista estava incluída em um leilão de arte contemporânea, já que “90% do trabalho foi pintado nos últimos 50 anos”.
A tela Salvator Mundi, embora disponha de resultados forenses que asseguram que não é uma falsificação moderna, ainda assim é uma questão de opinião se realmente foi executada por Leonardo. A obra foi pintada em tela, muito embora Leonardo e os discípulos de seu estúdio, sempre pintassem em painéis de madeira. Por outro lado ele gostava de experimentar materiais e métodos, mas o uso da tela como suporte causa estranheza, como bem notou Martin Kemp, professor de história da arte na Universidade de Oxford e autor de “Leonardo da Vinci: vida e obra”. Se o motivo para atestar sua autenticidade for apenas porque se assemelha com outro desenho do artista renascentista, isso não torna a peça original de Leonardo da Vinci.
Novamente, uma grande campanha de marketing faz uma obra de arte atingir um preço obsceno, expondo um negócio milionário onde o status quo permanece intacto e onde o mercado de arte continua dando mais importância às histórias e à proveniência do que a peça de arte em SI.
Peritagem? Nova pós-graduação regulamentada pelo MEC
Autor: BA. Gustavo Perino (Perito de Arte, fundador de Givoa Consulting e de INTERNATIONAL CONFERENCE ARTWORK EXPERTISE) Fuente: http://observer.com/2017/11/leonardo-da-vinci-salvator-mundi-goes-to-auction-at-christies/ https://news.artnet.com/market/leonardo-da-vinci-christies-salvator-mundi-experts-1149203