
07 abr Pintura de Raoul Dufy é autenticada pela Givoa e entra para o MAM São Paulo
Pintura de Raoul Dufy é autenticada e entra para o acervo do MAM São Paulo
Obra do artista francês, confirmada por peritagem, será apresentada na exposição MAM São Paulo: encontros entre o moderno e o contemporâneo. Coleção do MAM é a segunda brasileira a ter uma obra de Dufy.
Publicação Estadão 05 de abril 2025
Incorporação ao acervo
O Museu de Arte Moderna de São Paulo incorpora ao seu acervo a aquarela Vaso de Anêmonas (1937), do artista francês Raoul Dufy. A obra, recebida por doação em 2024, passou por um rigoroso processo de autenticação devido à ausência de documentação de procedência.
Após peritagem técnico-científica e confirmação de sua autenticidade, a obra será exibida ao público brasileiro pela primeira vez na exposição MAM São Paulo: encontros entre o moderno e o contemporâneo, a partir de 26 de março na Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp, na Avenida Paulista.
O MAM São Paulo é agora a segunda instituição brasileira a possuir uma obra de Dufy em seu acervo, ao lado do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP).
Histórico da relação entre Dufy e o MAM
O MAM São Paulo já havia realizado, em agosto de 1999, por meio de uma parceria com o Museu de Arte Moderna de Paris, a exposição Raoul Dufy: O Pintor da Vida Moderna.
Na ocasião, foram apresentados 56 trabalhos de Dufy: 32 óleos sobre tela e 24 outras obras em técnicas diversas, especialmente suas famosas aquarelas. As obras refletiam diferentes fases da trajetória do artista, que dialogou com movimentos modernistas como o impressionismo, o fauvismo e o cubismo.
Peritagem e confirmação de autoria
A autenticação foi conduzida pelos peritos Gustavo Raul Perino (Givoa Art Consulting) e Anauene Dias Soares (Anauene Art Law & Expertise), em um processo que incluiu análises estilísticas, materiais e documentais. Foram considerados fatores como traços, inclinação e pressão da pincelada, característicos da produção de Dufy.
A pesquisa contou também com a colaboração da historiadora francesa Mathilde Desvages, que realizou estudos em Paris e identificou a obra na versão impressa do catálogo raisonné da obra gráfica de Dufy — ausente da versão digital.
“Realizar um processo de peritagem em um museu brasileiro é um marco importante para a instituição e para o campo da museologia no país. Isso demonstra o compromisso do MAM com a pesquisa e a transparência na gestão de seu acervo, reforçando a importância da comprovação de autoria para a história da arte e para a segurança patrimonial”, afirma Cauê Alves, curador-chefe do MAM São Paulo.
“A análise pinacológica permitiu observar padrões técnicos, comparando a obra a outras criações de Dufy em diversos suportes”, explica Gustavo Perino. “Também foi realizada uma investigação sobre a composição dos materiais mediante fluorescência de raios x, verificando sua compatibilidade com aqueles utilizados na época. O uso do recurso foi possível graças à parceria com a empresa Essencis Technologies, representante da Bruker no Brasil.”
Também foram consultados pesquisadores e especialistas na obra de Raoul Dufy na França, além de restauradores de arte.
“Outra possibilidade de análise é a dos materiais: é possível verificar a composição deles e se se assemelham aos que se usavam na época da criação da obra original, verificar a forma do craquelado e se possui características de envelhecimento natural ou artificial”, pontua Anauene Soares.
A importância da obra
A pesquisa identificou que os temas florais eram de grande interesse para Dufy, predominando em sua produção entre 1910 e 1928 — tanto em pinturas quanto em estampas têxteis criadas para o estilista Paul Poiret e para a fabricante de tecidos de seda Bianchini-Férier.
O artista desenvolveu uma série de obras retratando vasos de anêmonas em diferentes técnicas e suportes, incluindo aquarelas e guaches com dimensões semelhantes à da obra agora incorporada ao acervo do MAM São Paulo.
A década de 1930 representou o auge do reconhecimento internacional de Dufy, com exposições em Nova York, Londres e Bruxelas. A partir de 1936, ele abandonou as tintas comerciais e passou a produzir suas próprias misturas artesanais com pigmentos vegetais e óleo de linhaça, o que conferiu brilho e transparência singulares às suas obras.
Vaso de Anêmonas faz parte de uma série de aquarelas com dimensões próximas de 50 x 60 cm, retratando vasos com buquês de anêmonas coloridas sobre superfícies planas e fundos neutros.
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Seu acervo conta com mais de 5 mil obras de importantes nomes da arte moderna e contemporânea, com ênfase na produção brasileira.
O MAM valoriza o experimentalismo em suas exposições e ações, refletindo a pluralidade da arte mundial e a diversidade cultural da sociedade contemporânea.
Além das mostras, o museu oferece uma ampla programação com cursos, seminários, palestras, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. Todas as atividades e exposições são acessíveis por meio de visitas mediadas em Libras, audiodescrição e videoguias em Libras.
A biblioteca do museu possui um acervo com 65 mil títulos entre livros, periódicos, documentos e material audiovisual, em constante atualização via intercâmbio com bibliotecas de instituições culturais do Brasil e do mundo.
Localizado no Parque Ibirapuera, o prédio do MAM foi adaptado pela arquiteta Lina Bo Bardi e integra, além das salas expositivas, ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e loja com produtos de design, livros e objetos com a marca MAM.
O edifício se integra visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx, que abriga parte do acervo do museu. Todos os espaços são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Exposição: