10 maio CUPIDO REAPARECE EM UMA DAS OBRAS MAIS CONHECIDAS DA VERMEER APÓS 250 ANOS
Testes de laboratório revelaram uma descoberta “sensacional” de que a figura no trabalho que a figura na obra “Girl Reading a Letter at an Open Window” foi encoberta e pintada em cima décadas após a morte do artista.
Na tela original, a “imagem dentro da imagem” de Cupido pendurada na parede atrás da “garota que lia as cartas” foi detectada há 40 anos com o uso da tecnologia de raios X, mas os pesquisadores sempre assumiram que o próprio Vermeer a tinha encoberto, diz Uta Neidhardt, a conservadora sênior da Gemäldegalerie em Dresden, Alemanha.
A decisão de devolver a figura de Cupido à obra foi tomada após testes laboratoriais recentes que estabeleceram sem dúvida que a figura foi pintada em cima décadas após a morte de Vermeer.
“Havia até uma camada de sujeira sobre o verniz original no Cupido, o que mostrava que a pintura estava em seu estado original há décadas”, diz Neidhardt. A sobrepintura também foi ligeiramente mais escura que a cor usada por Vermeer no fundo da sua obra, pois o último artista a cobrir o trabalho precisou compensar o verniz escuro no original, explica ele.
Produzida por volta de 1657, Girl Reading a Letter at an Open Window está na coleção da Cidade de Dresden desde 1742 e é uma das 35 pinturas definitivamente atribuídas a Vermeer. A mesma pintura de Cupido também aparece em A Lady Standing at a Virginal, na National Gallery em Londres. Os peritos acreditam que pode ter sido uma imagem real na posse de Vermeer: Um inventário de 1676 menciona, entre os pertences de sua viúva, a menção de um “Cupido”.
Vermeer freqüentemente fazia referência a outras obras de arte dentro de suas pinturas como um dispositivo para transmitir informações ou comentários suplementares. A pintura Cupido é uma clara referência a “uma história de amor” na pintura, diz Neidhardt. Foi então encoberta por alguém cujas razões são desconhecidas.
Após o trabalho de restauração de rotina, o verniz antigo foi removido para restaurar as cores originais.
Após testes de laboratório realizados na Academia de Belas Artes de Dresden e exames de fluorescência de raios X realizados com o apoio do Rijksmuseum em Amsterdã, foi confirmado que a tinta que cobre o cupido era significativamente mais nova do que a original. A decisão de expor o cupido foi tomada no início de 2018 por um painel externo de especialistas, incluindo Ige Verslype do Rijksmuseum e Arthur Wheelock na National Gallery em Washington, a instituição que assessora a restauração, que é financiada com o apoio da Hata Foundation em Amsterdã e Tóquio.
O trabalho cuidadoso do restaurador, Christoph Schölzel, requer um microscópio e um bisturi, o que lhe permite raspar a pintura sem remover o verniz original da versão de Vermeer da pintura. Até agora (2019), o Cupido está meio exposto; estima-se que o trabalho necessitará de pelo menos mais um ano para ser concluído. “Menina Lendo uma Carta em uma Janela Aberta” será exibido em seu presente, semi-restaurado seu atual estado semi-restaurado de 8 de maio a 16 de junho na Gemäldegalerie Alte Meister em Semperbau, Dresden.
Dresden possui dois quadros de Vermeer, e eles estão entre os tesouros mais importantes e valiosos das ricas coleções de arte da cidade. A segunda, “The Procuress” (1656), foi restaurada entre 2002 e 2004.
Você sabia disso?
Théophile Thoré (1807-1869), também conhecido como William Burguer, foi um perito de arte que descobriu Vermeer por volta de 1840, 160 anos após sua morte. Ele foi o responsável pelo renascimento do artista e foi o primeiro colecionador das obras do mestre.
Em 1866, ele realizou uma retrospectiva do artista, na qual reuniu 11 obras pertencentes a colecionadores da época. Dessas onze obras, apenas quatro ainda hoje conservam seu status de autenticas.
Théophile Thoré foi um visionário e um grande profissional que forneceu a base para uma peritagem séria, acadêmica e especializada.
Outros eventos relevantes do especialista: em 1842 ele fundou a Alliance des Arts, a primeira consultoria de avaliação de arte registrada e foi também o descobridor do pintor inglês Frans Hals.
Fuente sobre studio técnico: The Art Newspaper – Catherine Hickley
Fuente sobre T. Thoré: Givoa Brasil – Gustavo Perino.